domingo, 28 de março de 2010

- hein?

  
       
- mas se ela não quiser, terão outras ué..
- é o que dizem...mas eu tô sem a fórmula ultimamente, a fórmula da confiança.
-  tsa, e eu, que tô sem a fórmula de viver?!
- HAHAH, qual é Gê, nada disso..
- aah, nem me lembro se algum dia na vida eu QUIS ficar em casa sábado, ainda mais pq nenhuma proposta me interessou o bastante pra me fazer sair. Parece que todas as coisas perderam o sentido, sabe? Triste.
- isso se chama amor.
- HAHAH, tá doido? não fala isso nem de brincadeira, ouviu?!
- sei.



sexta-feira, 26 de março de 2010

- delírio.



Sabia, sabia que aquela loucura desregrada e desmedida, um dia,  faria  nó cego na vida.
Desses que não se desfaz com macumba, água benta, reza braba, incenso nem Iemanjá. 
Nem vodka, nem banho gelado, nem lavar os cabelos, nem dançar.
Nem chorar, nem vomitar, nem Lexotan, nem pirulito de coração, nem mergulhar.
Só respirar. Podia somente respirar, e esperar enfim passar.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sentir-se nua. Sentir-se crua.



Aquela leve ondulação nos cabelos, provocada pela umidade da chuva, a deixava ainda mais bonita. Ninguém percebia. Ou não queriam perceber, não podiam? Ela não queria.
Sempre com um ar tão natural e um sorriso de quem espera algo, mas ninguém sabe o que. Parecia inatingível. Inalcançável.
E realmente era.

sexta-feira, 19 de março de 2010

- um branco, um xis, um zero


Alheia á todas as coisas, andava pela cidade cinza enquanto tentava lembrar de qualquer característica daquele rapaz, não das físicas.O seu rosto, as cicatrizes do seu corpo e o seu cheiro sempre misturado á cigarro  ainda estavam frescas na memória.
Mas a essência junto com os sentimentos e qualquer olhar ou sorriso dele, que um dia lhe fez tão bem, tinha virado pó.
Sem achar nexo entre todos aqueles pensamentos, não sorriu, mas suspirou aliviada.

terça-feira, 16 de março de 2010

- conversa de botas bebidas.

- mas e você, não pensa nisso?
- penso, só que penso mais em viver as coisas.
- pareceu oportunismo, e eu acho isso estranho.
- pode até ter sido, não me importa, tô tranqüila. Não tem que existir essa cobrança, nem essas viagens, é só deixar as coisas andarem, ou pararem, sei lá.
- você é a besta da história.
- meu negócio é pagar pra ver, não sei viver diferente disso.

sábado, 13 de março de 2010











Amanheceu desidratada.Não de água.
Aquelas manhãs vinham sendo doloridas.
Doía ter que respirar ou sentir qualquer coisa que fosse.

sexta-feira, 12 de março de 2010

- desabafo em rimas pobres.

Tópicos de mim mesmo


Toda quinta-feira era assim,
quase duas horas de agonia.
Eu fiz, eu faço, eu farei.
Eu sou, eu vou, eu serei.
E o eu imperava
e só ele existia.
Só não percebia
o quão patético parecia.

terça-feira, 9 de março de 2010

re-começar.





Sacudiu o vestido na tentativa de limpar o coração, 
como se o amontoado de sentimentos fossem cair na grama.
Girou três vezes em volta da árvore.
Suspirou.Olhou pro céu e sorriu.
Parecia que tudo tinha finalmente acabado.

segunda-feira, 8 de março de 2010




Fazia cachos com a ponta dos dedos tentando desenrolar as idéias.
Queria saber pq era assim, tão urgente. 
Nunca soube se economizar. Nem esperar. E qualquer tentativa de se conter agia feito veneno.
Era desmedida e isso não tinha cura.


domingo, 7 de março de 2010

ressaca.







Acordou com gosto de sábado amargo derretido na boca.
Toda aquela agonia de palavras e cervejas fazia bolhas de sabão com seus pensamentos.
Chove, ela quer sol. Qualquer coisa que esquente seu peito e faça evaporar todo o mofo impregnado ali.
Faz preces enquanto respira o vapor do café e o vento úmido tenta afastar as bolhas dali.
Procura qualquer vestígio da intensidade das palavras daqueles diálogos. Não acha.

quarta-feira, 3 de março de 2010


Antes nunca percebera, mas naquele momento de chuva, cabeça cheia e aperto no coração sentiu falta dela. 
Ela que não era flor, nem pássaro, nem bailarina, mas que estranhamente fazia toda alienação daquele lugar gelado parecer habitável.