sexta-feira, 30 de abril de 2010

' o vento vai dizer.

O vento trouxe o cheiro da chuva e as lembranças de coisas que nunca aconteceram.
Não quis se avisar disso. Fingiu nostalgia, encheu o peito de esperança, de alegria, de azul, de céu, de vento, de bem-querer.
Ouviu uma música que nunca ouvira e nem sabia se estava realmente a tocar.
Quis mergulhar, se molhar, rasgar a blusa, correr na grama.
Flutuar, e quem sabe até amar. 

E então, por um momento quis morrer, teve medo de não saber ser assim.

sábado, 24 de abril de 2010

desvanecer.



Se esvaziava todas as manhãs, colocava tudo no lixo.
Já não se importava com mais nada,
essa coisa de não precisar de pessoas a deixava feliz.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ter.



Ele acreditava e tinha esperança.
Ela não.
Talvez, em segredo, ele fosse a esperança dela.
Esperança de olhar acalentador e sorriso macio.
De abraço sempre cheio de saudade, e de conversas sem pressa.
Esperança que a mantinha ali, acordada e viva, mesmo sem saber acreditar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010



Porque lavar os cabelos ou passar rímel já não tinha mais sentido.
Levantar da cama, respirar..essas coisas.
Só silêncio e água salgada.
Não as do mar.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

conjugar.





Morava tão perto, tão perto que teve que vir de longe 
para que todos pudessem enxergar sua grandeza, sua beleza.
Todo dia tropeçava na mesma pedrinha, sorria e pedia desculpas.
Tinha esse jeito de não se importar com coisas desimportantes.
O silêncio-cúmplice e o sorriso doce sopravam as mais belas cores, por tudo a sua volta.
Impregnava simplicidade. Provocava os mais ternos sentimentos.
[De perto,antes, cegava.]
De perto, agora, iluminava, brilhava, inspirava.
Fazia parte, sem ter como não mais fazer.
Completava.

terça-feira, 6 de abril de 2010



Mais uma vez o gosto de ressaca fazia parte daquela manhã.
E mais uma vez, as palavras giravam de mãos dadas com pensamentos indesejados.
Então, pela primeira vez quase sentiu medo.
Todos gritavam, imploravam, estendiam a mão.
Falavam sem parar.
Medo, quase sentiu medo.
Não entendia aquele desespero.
- Do que eles querem me salvar? pensou em voz alta demais.
Aquelas perguntas de tom investigativo entravam pelos seus poros,
sentia-se invadida.
Ninguém perguntou se ela precisava ser salva.
E ela, não precisava. Não queria.

domingo, 4 de abril de 2010





Quando perto, lembrar é coisa fácil.
Querer é mais fácil ainda.
Difícil é lembrar e querer no auge do sábado.
No auge da (in)felicidade completamente (in)completa.
O que é fácil não completa.
Morre no meio do caminho.
Cansa.
Implora por um gole.
Se sente só. E vai embora.
Como quem nunca esteve, como quem nunca existiu.

sábado, 3 de abril de 2010

apatia;





Tudo o que precisa é exatamente tudo que não quer.
Tudo o que quer é exatamente tudo que não precisa.
Tudo o que quer é exatamente tudo que não quer.