segunda-feira, 21 de junho de 2010

..pra sorte entrar!



É que de repente alguém vem e acende as luzes.
Abre bem as janelas, deixa o sol de inverno entrar.
E aquele calor sereno esquenta cada cantinho congelado.
E o vento, frio, renova todos os ares, enche os pulmões de vida.
E você enxerga o quão patético estava sendo. Acha graça no fim.
Porque sempre brota uma primavera, não importa em qual estação esteja.
A porta tá bem fechada mas a janela tá aberta, a casa é sua..pode morar .

sábado, 19 de junho de 2010

eu sei.


Ela tinha as chaves no bolso, entrou sem nada falar.
Sentou-se, serviu-se do café doce e forte.
Foleou uma revista. Deu-lhe as mãos.
E sem nada dizer, caminhou junto. Acordou junto.
Sentiu tudo junto.
Num dia qualquer, disse bom dia e até quis sorrir.
Depois emudeceu.
Mas permanece. E se arrasta por todos os cantos.
Vez ou outra se distrai com algo, mas logo volta, insistente.
Per-sis-ten-te.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

p.s: sobre maçãs.



Fico com as maçãs verdes, se por acaso ou descuido ficam doces, grata surpresa.
As vermelhas não ficam azedinhas, simplesmente amanhecem  podres numa quarta-feira qualquer.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

a ;


Jogar tudo pela janela, recomeçar.
Colocar a vassoura atrás da porta e afastar a visita do pensamento.
Perceber que as maçãs não precisam ser sempre das verdes, as vermelhas que são mais docinhas estão sempre por perto. Ou que o colar da vitrine nem é tão bonito assim. Juntando algumas fitas e botões da pra fazer um bem melhor, e do tamanho certo.
Não precisar de batom vermelho na segunda. Nem de conhaque na terça.
Molhar as plantas do jardim de inverno.
Fazer uma prece enquanto toma chá.
Deixar o vento embaraçar os cabelos.
E sorrir.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

doispontotrês.


Olhar para trás de tempos em tempos e se banhar na ilusão de que as cores de ontem eram mais certas, corroer as horas inúteis de cama e namoros inférteis para chorar os livros não-lidos, as noites tão mesmas são feridas abertas na carne de quem perde os pais numa tarde qualquer e não alcança na mente momentos melhores do que os pouco-felizes.
Viver, para quem é como nós, de costas com alças para que se leve fácil, é nunca ter paz.
Vontades vadias de amores sonhados, bolsos cheios, noites completas e viagens de férias preenchem a alma e condenam a voz de um gosto pelo hoje que não mais tem se deixado cair nestas páginas.
Por isso, quando for frio o bastante para não se crer em nada que não toque minhas mãos, e sonhar na escadaria dos bares com queridos-amigos-que-morrem-um-dia já não condizer com meus planos certeiros de envelhecer com graça e romper com as garras das ilusões de garoto, dobre-me ao meio e me guarde na caixa, amigo, pois me rendi à tolice de estar velho-maduro e cansei de me ser.

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