Tem gente que impregna na alma da gente, e não há alvejante que dê jeito. Pôr no sol, no varal, pra quarar. Mudar o vento de direção, mudar de vento, de lugar. Ainda continua lá.
Doía em lugares que nem sabia existir. E doía por saber que não tinha conseguido evitar de sentir, evitar de gostar, evitar de querer, evitar. E já não poder fazer nada, e já não poder ir contra tudo, e se encontrar no meio do caminho sem volta, e acordar da realidade inventada, e pisar no chão frio, e querer pegar na sua mão, e acordar pensando em você e passar dias querendo não querer o seu abraço. E sentir o coração se encher quando te vê. E nesse exato momento senti-lo esvaziar-se. E não saber o que falar, e não saber pra onde olhar, e não querer, e querer demais. E sentir vontade de explodir isso aqui de dentro, e querer desaparecer, e querer que você desapareça. E ver tudo isso tomando conta de tudo. E perceber mais uma vez que não pôde evitar. Fazia doer, em lugares que nem sabia existir. Talvez nem existissem mesmo, antes de você.
Se você morasse aqui, pertinho, numa sexta-feira á noite sentaríamos na porta de casa, você de chinelos e bermuda, eu de meias e moletom.Tomaríamos 2 ou 6 cervejas. Falaríamos sobre a vida, sobre coisas banais, sobre coisas legais. Eu ia ter que tapar o nariz para sufocar a gargalhada, e ás duas e vinte e cinco da manhã, nos daríamos conta da hora, do frio e do sono, e cada um entraria pra casa, feliz pela noite tão agradável.
Se você morasse aqui, pertinho, eu nunca me sentiria entediada ou desamparada e nem precisaria te guardar no bolso, embora ainda guardaria.
Se vc morasse aqui, pertinho, todo dia ia ter uma alegria, até mesmo uma segunda-feira..só por poder te dar bom dia!
Ah..se vc morasse aqui, pertinho..
Se morasse aqui, beem pertinho, a saudade ia esquecer que vc existia, eu ia conhecer seu irmão, sua avó e sua tia, os domingos seriam suportáveis, tudo ia ter gosto de amora e os cafés seriam intermináveis.